O P!taKo

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Cadê o feijão-com-arroz? A inflação comeu!



Depois de uma semana cheia de padres voadores, terremotos, e adivinhem? Sim, o caso Isabella. Chegou a hora de falar da vida do telespectador comum, ou melhor, da não-vida deste. O hiper encarecimento dos alimentos povoou as manchetes dos jornais e o topo dos sites noticiosos. Pois, só agora descobriram que o tradicional prato das classes mais baixas, o feijão-com-arroz, há algum tempo já não é mais tão tradicional assim.

Há alguns meses, o feijão teve um disparo tão grande que chegou a custar nove reais na capital baiana, comprável com o preço da carne que também teve uma elevação brusca, agora depois da Argentina, grande fornecedor do Brasil, anunciar o fechamento de suas exportações de trigo, foi a vez do tradicional arroz pesar no bolso do consumidor. E não é só a mistura que encareceu, o pãozinho nosso de cada dia foi também brutalmente expulso do carrinho de compras.

Diante de tal crise, nosso queridíssimo presidente avisa que ela é passageira, depois de afirmar, há vinte dias que a “inflação subiu porque os pobres estão comendo mais”, impressão minha ou Lulinha ta com “síndrome de Pollyana”? Talvez. O certo, porém é que o presidente está rebatendo ferozmente a possibilidade da alta de preços ter sido causada por seu amável biocombustível, como afirma o FMI.

Outros exageram no tom apocalíptico como o diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que afirmou a possibilidade de guerras civis em decorrência do encarecimento. Não que estas guerras são improváveis de existir, até porque querido leitor a guerra já começou, não entre os civis, mas dos civis, todos os dias pela própria sobrevivência.


"Se farinha fosse americana
mandioca importada
banquete de bacana,
era farinhada."

Nóis é Jeca mais é Jóia, Miltinho Edilberto.

Links adcionais:

Entenda o aumento dos preços

segunda-feira, 21 de abril de 2008

(E) a democracia?


Na madrugada de ontem foram presos cinco jovens de idades entre 24 e 33 anos no Rio por estarem divulgando uma marcha pela legalização da maconha. A marcha acontecerá simutaneamente em 10 capitais brasileira e em diversos países, no próximo dia 4. Os amigos foram autuados por apologia às drogas, crime que pode levar a até seis meses de cadeia, porém o grupo foi solto em seguida.
Difícil é não questionar o tipo de democracia existente no nosso país, visto que direitos básicos como a liberdade de expressão (eles só estavam divulgando a marcha que visa a alteração da proibição e não incentivando o uso) são desrespeitados, devido à valores obscuros, por em nome da moral que não deve ser, já que neste país as musas superidolatradas são geralmente garotas propagandas de grandes cervejarias. Aliás, a legitimidade da democracia brasileira já apresenta questionamentos em sua ferramenta mais básica: o voto obrigatório.
Talvez, os valores obscuros acima mencionados não sejam tão obscuros assim, só imaginar o salário-base de um policial civil e as incríveis possibilidades de lucro com o tráfico da cannabis que, logicamente, a legalização iria enfraquecer. Suposições. O que deve ser trabalhado são os fatos que é uma democracia repressiva apoiada na ignorância popular, que provavelmente acredita que a legalização transformaria-nos todos em viciados-bandidos-violentos. Desconhecendo até mesmo os poderes curativos da erva.
Um país melhor pode ser construído desde que sejam respeitadas as diferenças, criando-se um hábito de procurar um aprofundamento geral, e não viver baseando-se em (pré)conceitos criados por outrem. Uma democracia real é construída nas pequenas coisas cotidianas quando todos objetivam novas soluções, podendo aventurar-se no desconhecido.

Para saber mais:

Site oficial do evento
História da maconha
Experiências de países em que maconha é liberada
Efeitos da droga
Propriedades medicinais da cannabis

domingo, 20 de abril de 2008

Isabella: a banalização da imprensa

"Vivemos num tempo maluco

Em que a informação

É tão rápida que exige explicação instantânea

E tão superficial que qualquer explicação serve.”

Luís Fernando Verissímo


É triste perceber a que ponto chegou o caso Isabella. Há quase um mês que a morte da criança de cinco anos suspostamente jogada do sexto de um prédio de classe média, virou manchete nacional. A banalização do caso é brutal, todo e qualquer resquício é exaustivamente explorado pela grande mídia que destina seus repórteres a plantões em frente à casa dos Nardoni ou da mãe da menina. Virou praxe os telejornais dedicarem um bloco ao menos ao caso, alguns exageram como o "cidade alerta" que praticamente não cobre outro assunto. As coberturas jornalísticas beiram ao sensacionalismo e nada mais interessa ao não ser quem matou Isabella em um roteiro semelhante aos mistérios das novelas globais. Inevitável não temer por um novo "escola base" e muito menos, não imaginar o caso como um símbolo mercantil em tempos de indústria cultural.

Paralelamente há a resposta do grande público que tornou o assunto propriedade pública, ao ser discutido em reuniões de família, conversas no salão de beleza e até mesma tema para um bolão entre amigos. O caso Isabella demonstrou-se enfim, um substituto para o Big Brother em potencial. Sem mencionar nos moradores da região é claro, que revoltados com o caso, pregam cartazes, picham muros e até apedrejam o casal suspeito de matar a criança em frente à delegacia. Como se o susposto criem brutal justificasse pequenos delitos.

Vale acrescentar o perigo de tal pressão midiática e popular para o encerramento do caso, a busca pela verdade deve ser sim uma meta a ser alcançada pelo jornalismo enquanto mediação pública, mas o enquadramento dado o caso tende somente a atrapalhar as investigações, visto que exigem uma resposta imediata as indagações do caso. A velocidade pode sim, ser prejudicial à eficiência. Por outro lado, não devemos pecar pela falta e deixar o caso cair no esquecimento e seus culpados impunes.

Em suma, prefiro acreditar no bom senso dos nossos jornalistas e na eficiência da nossa justiça. Vamos aguardar para ver quem irá para o paredão dessa vez.